São Paulo, 30 de abril de 2025 – Em um novo capítulo da saga que tem dominado as manchetes esportivas nas últimas semanas, Carlo Ancelotti decidiu permanecer no Real Madrid e recusou a proposta para comandar a Seleção Brasileira.
A informação, que circula em diversos veículos de comunicação e foi inicialmente tratada com otimismo (“bem-vindo Ancelotti”), acabou sendo um novo baque para a CBF e seu presidente Ednaldo Rodrigues, que vê mais uma tentativa fracassada de contratar o prestigiado técnico italiano.
Segunda recusa e credibilidade abalada
Esta é a segunda vez que Ancelotti recusa uma proposta da CBF, o que levanta sérios questionamentos sobre a abordagem e a credibilidade da entidade no cenário internacional. A ausência de um técnico definitivo se arrasta há quase um mês, quando Dorival Júnior deixou o cargo para assumir o Corinthians, aumentando a pressão sobre a direção da confederação.
Segundo fontes próximas às negociações, o Real Madrid teria sido determinante na decisão do treinador, que ainda tem contrato com o clube espanhol. Apesar da temporada abaixo das expectativas – com a eliminação na Liga dos Campeões e a vice-liderança no Campeonato Espanhol – o clube merengue aparentemente convenceu Ancelotti a cumprir seu vínculo até o final.
“Infelizmente para a Seleção Brasileira, que estava tentando, mais uma derrota ridícula e humilhante do nosso querido Ednaldo e da CBF, que conseguem colecionar uma sessão de fracassos assim invejável para qualquer minissérie”, comentou um analista esportivo, destacando a sequência de reveses administrativos da atual gestão.
Transparência em xeque e possíveis consequências

A maneira como as negociações foram conduzidas também é alvo de críticas. Especialistas defendem que, caso Ancelotti realmente tenha manifestado interesse anteriormente e agora voltado atrás, a CBF deveria tornar públicos os detalhes das conversas.
“A CBF tem que expor isso e o Ancelotti nunca mais ser negociado com o futebol brasileiro, porque é a segunda vez que acontece isso”, argumentou um comentarista, refletindo uma opinião cada vez mais comum entre os torcedores brasileiros, frustrados com a falta de definição no comando técnico da equipe pentacampeã mundial.
A ausência de um dirigente com experiência consolidada no futebol e não apenas na política também é apontada como um dos fatores para o insucesso da empreitada. “Eu imagino que se tivesse um dirigente ali um pouco mais competente, alguém um pouco mais do futebol e não da política, a gente teria outro desfecho”, afirmou o analista.
Plano B: os candidatos que entram na lista
Com a recusa de Ancelotti, a CBF precisa rapidamente definir um substituto, já que prometeu ter um treinador para a próxima convocação. Entre os nomes que ganham força nos bastidores, Jorge Jesus aparece como o favorito imediato, por já ter manifestado interesse no cargo anteriormente.
No entanto, a contratação do português também enfrentaria obstáculos. Jesus comanda atualmente o Al Hilal, da Arábia Saudita, e possui multa rescisória em seu contrato. Além disso, com o Mundial de Clubes se aproximando, o treinador poderia optar por disputar a competição com seu clube atual antes de assumir um novo desafio.
Abel Ferreira, do Palmeiras, surge como outra alternativa portuguesa. Sua experiência bem-sucedida no Brasil e seu conhecimento do futebol sul-americano o credenciam para o cargo, mas a presidente Leila Pereira já manifestou publicamente que não pretende liberar o treinador no meio da temporada.
“CBF, você vai pagar a multa, você vai jogar o Mundial ou não vai jogar o Mundial, nós queremos agora em junho. Aí numa dessas, Jesus disse que não. Aí vai ligar na Leila: ‘Leila, preciso tirar seu treinador’… E é assim que vai fazer”, ironizou um comentarista, descrevendo o provável cenário das próximas negociações.
Pep Guardiola: o sonho ambicioso e improvável da CBF

Embora pareça uma alternativa quase utópica, o nome de Pep Guardiola aparece como a opção que realmente marcaria uma revolução no futebol brasileiro. Apesar do contrato vigente com o Manchester City, o espanhol já declarou em entrevistas anteriores sua admiração pelo futebol brasileiro e sua vontade de um dia comandar uma seleção.
“Se tivesse um gesto de grandeza do futebol brasileiro, seria ir atrás do Guardiola. Tu pega direto o avião, manda alguém que fala inglês, alguém apresentável, e fala: ‘Senta aqui, Guardiola, como é que é? Eu quero agora. Como é que eu faço? É dinheiro, o que que é? Eu quero agora'”, sugere um especialista em tom de desabafo.
Uma abordagem agressiva e convincente poderia, teoricamente, mudar o curso das negociações, especialmente se acompanhada de um projeto ambicioso e financeiramente atrativo. “Não consegui o Ancelotti? Você não quis vir? Eu trouxe o Guardiola, que é melhor do que você”, completou o analista, imaginando uma resposta à altura da situação.
Brasileiros voltam à discussão
Apesar da preferência explícita por treinadores estrangeiros, o prolongamento da crise pode fazer com que nomes brasileiros voltem a ganhar força. Renato Gaúcho, atualmente no Fluminense, chamou atenção por ter incluído uma cláusula em seu contrato que permite sua saída sem multa caso a Seleção o convoque.
“Se a CBF não consegue tirar o Jesus pro Mundial, por exemplo, ela perde o Jesus. Se Leila atende o telefone e fala: ‘Não vou liberar o Abel, eu não vou criar esse problema com o clube’. O Renato já botou na cláusulazinha no Fluminense: a Seleção chamava, embora sem multa nenhuma”, explicou um comentarista, destacando a previsão do treinador gaúcho.
Felipe Luís, que vem realizando bom trabalho no Flamengo, também poderia entrar no radar, embora pareça improvável que o jovem treinador deixe o clube carioca tão cedo em sua carreira como técnico.
Cortina de fumaça e desvio de atenção
Um aspecto importante, e por vezes negligenciado, é como toda essa novela em torno da contratação do novo treinador serve como distração para problemas mais graves que envolvem a CBF. Denúncias de irregularidades, questões administrativas controversas e até mesmo polêmicas recentes, como a mudança da cor da camisa da Seleção, acabam ficando em segundo plano.
“Você realmente acha que a CBF tá achando ruim que continue a novela do técnico? Não tá. Porque agora tem um tema para falar de Seleção, treinador, para não falar de CBF, camisa vermelha, as palhaçadas todas, denúncias que jorram”, avaliou um jornalista, sugerindo que o prolongamento das negociações pode ser conveniente para a entidade em certos aspectos.
A situação também expõe possíveis conflitos de interesse na cobertura da mídia esportiva brasileira. “Para não falar dos escândalos, das coisas que estão acontecendo. Não, porque um treinador não chegar na Seleção até junho é uma vergonha, mas o resto é mais grave”, completou o especialista.
A escolha ideal e os próximos passos
Do ponto de vista técnico, a escolha do próximo treinador da Seleção Brasileira precisa ser baseada em critérios claros e em um projeto de médio a longo prazo, visando principalmente a Copa do Mundo de 2026. A decisão, porém, parece estar contaminada por fatores políticos e de marketing, como a preferência por um nome estrangeiro para “agradar a imprensa” e criar uma “cortina de fumaça” para outros problemas.
“Eu iria diretamente no Guardiola e não pensaria meia vez em qualquer outra oportunidade. Nós estamos falando de um homem que sonha em dirigir a Seleção Brasileira e não estamos falando de um extraterrestre”, defendeu um comentarista, resumindo o que seria, na sua visão, a abordagem ideal.
Enquanto isso, a Seleção Brasileira segue sem comando técnico definido, com jogos importantes se aproximando e um ambiente de incerteza que não contribui para a reconstrução da equipe após as recentes decepções em competições internacionais.
A CBF prometeu definir o novo técnico antes da próxima convocação, mas o tempo é curto e as opções, ao que tudo indica, estão se reduzindo. O que era para ser uma escolha estratégica e planejada, tornou-se uma corrida contra o relógio e mais um capítulo embaraçoso na gestão atual do futebol brasileiro.
