O furacão Melissa alcançou nesta terça-feira (28) a categoria 5 da escala Saffir-Simpson e atingiu a Jamaica com ventos devastadores de até 280 km/h. Especialistas classificam o fenômeno como a tempestade mais forte já registrada no país caribenho desde 1851, trazendo riscos catastróficos à população de 2,8 milhões de habitantes.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) descreveu a situação como “catastrófica” para a ilha. Autoridades jamaicanas decretaram evacuação obrigatória em comunidades costeiras vulneráveis, incluindo áreas da capital Kingston e da histórica cidade de Port Royal.
Intensificação Explosiva e Ventos Históricos
O Melissa passou por uma intensificação extraordinária nas últimas 72 horas. No sábado (25), ainda era classificado como tempestade tropical com ventos de 112 km/h. Em apenas 48 horas, evoluiu para categoria 5, ultrapassando em dobro o critério para “rápida intensificação”.
As águas excepcionalmente quentes do Mar do Caribe, com temperaturas acima da média, forneceram o combustível perfeito para o desenvolvimento da tempestade. O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos registrou uma pressão atmosférica de 933 hectopascais no centro do furacão, indicando força máxima.
Impactos Devastadores em Toda a Região
Antes mesmo de atingir a Jamaica, o Melissa já havia deixado um rastro de destruição. Pelo menos seis pessoas morreram nas Caraíbas: três no Haiti, uma na República Dominicana e duas na Jamaica durante preparativos para a tempestade.
Previsões Catastróficas para a Jamaica
Os meteorologistas alertam para:
- Ventos destrutivos superiores a 300 km/h com rajadas
- Precipitação extrema entre 38 e 76 centímetros até quarta-feira
- Marés de tempestade de até 4 metros na costa sul
- Inundações repentinas e deslizamentos de terra generalizados
- Danos estruturais completos próximos à trajetória do furacão
“Para a Jamaica, será, com certeza, a tempestade do século”, afirmou Anne-Claire Fontan, especialista em ciclones tropicais da OMM.
Preparação Emergencial e Evacuações Massivas
O primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, ordenou evacuações obrigatórias e mobilizou recursos emergenciais de US$ 33 milhões. Mais de 880 abrigos foram preparados em toda a ilha para receber a população deslocada.
Desafios Logísticos
Comunidades nas Blue Mountains já relatam isolamento devido a estradas intransitáveis. “Não podemos nos mexer. Estamos com medo. Nunca vimos um evento de vários dias como este antes”, declarou Damian Anderson, morador de Hagley Gap.
A Federação Internacional da Cruz Vermelha estima que até 1,5 milhão de pessoas sejam diretamente afetadas pela tempestade na Jamaica. Itens essenciais como lonas, kits de higiene e água potável foram pré-posicionados em filiais locais.
Cuba e Bahamas na Rota do Furacão
Após atravessar a Jamaica, o Melissa seguirá para o leste de Cuba na madrugada de quarta-feira (29). As autoridades cubanas já evacuaram mais de 500 mil pessoas de áreas costeiras e montanhosas vulneráveis.
Em Santiago de Cuba, segunda maior cidade do país, cerca de 250 mil pessoas foram levadas para abrigos. Aulas, transporte público e trens foram cancelados em todo o leste cubano até novo aviso.
As Bahamas também se preparam para a chegada da tempestade. O primeiro-ministro Philip Davis ordenou evacuações nas porções sul e leste do arquipélago.
Mudanças Climáticas e Furacões Mais Intensos
O Melissa é o terceiro furacão a atingir categoria 5 na temporada de 2025 do Atlântico Norte, marcando o segundo maior total para qualquer temporada já registrada. Cientistas alertam que as tempestades estão ficando mais fortes devido às mudanças climáticas.
“Com as mudanças climáticas alimentando tempestades mais fortes com totais de chuva mais elevados, este é um exemplo claro para outros países sobre o que pode estar reservado para eles”, advertiu Liz Stephens, professora de riscos climáticos da Universidade de Reading.
Comparação com Furacões Históricos
O Melissa já figura entre os furacões mais fortes da história do Atlântico. Apenas nove tempestades registraram ventos superiores aos 280 km/h, incluindo Allen (1980), Wilma (2005) e Gilbert (1988) — este último o mais recente grande furacão a atingir diretamente a Jamaica.
Reconstrução Pós-Tempestade
Hugh Grant, diretor da empresa de eletricidade jamaicana, alertou que a resposta ao Melissa “provavelmente será uma reconstrução e não apenas uma restauração” devido à intensidade prevista dos danos.
As equipes de serviços públicos priorizarão a limpeza de estradas vitais para hospitais e aeroportos, além da restauração de serviços essenciais. Suprimentos e equipamentos serão transportados para a ilha por meio de barcaças ou aviões.
Trajetória Futura do Furacão
O Centro Nacional de Furacões prevê que o Melissa continue sua trajetória para nordeste após deixar Cuba, passando pelas Ilhas Turcas e Caicos na quinta-feira (30). A tempestade deverá perder força gradualmente ao se afastar das águas quentes do Caribe.
Não há previsão de impacto direto nos Estados Unidos, embora a costa leste possa registrar ondas fortes e pequenas inundações costeiras. Parte da umidade do sistema pode alcançar a Nova Inglaterra e o Canadá Atlântico, contribuindo para chuvas intensas no final da semana.
Recomendações de Segurança
As autoridades jamaicanas apelam à população para:
- Permanecer em abrigos seguros durante toda a passagem da tempestade
- Evitar sair mesmo durante calmarias temporárias
- Não dirigir em estradas alagadas ou áreas com detritos
- Evitar atividades como subir em telhados ou cortar árvores
- Manter-se informado através de canais oficiais
“A falta de ação pode resultar em ferimentos graves ou perda de vidas”, alertou o Ministério da Saúde e Bem-Estar da Jamaica.
Atualização em tempo real: Esta é uma situação em desenvolvimento. As condições do furacão Melissa podem mudar rapidamente. Acompanhe os canais oficiais de meteorologia para informações atualizadas sobre a tempestade.
